-Ah..menina, voce me paga! vai ver com quantos paus se faz uma canoinha..."
Ela morreu de rir, e eu também, e claro ficamos n'uma boa...
Foi então que resolvi escrever essa "estorinha..."
Na minha infância pairava no ar uma ameaça muito curiosa.
Minha mãe, quando aprontávamos alguma, o que acontecia sempre, nos colocava de castigo.
Mas antes ela dizia a frase:
- voce vai ver, menina, vai ver com quantos paus se faz uma canoinha....
E eu ficava lá a pensar, tentando construir na minha imaginação infantil, uma canoinha e contando os pauzinhos, e só conseguia imaginar pauzinho de picolé, e então, me perdia na conta ( coisa que nunca fiz muito bem - matemática - era minha nota zero ...)
Ate hoje tento saber o que minha mãe queria dizer, quando nos ameaçava com a frase:com quantos paus se faz uma canoinha....
E se eu soubesse ?
Outra ameaça maternal da qual não me esqueço são os beliscões!
Andei reparando, há anos não vejo mãe beliscar filho!
Na minha época, isso era normal...Beliscão era o pavor da garotada.
A gente não podia repetir o bolo em aniversários, pegar os doces antes do parabéns, nada...
Ai de quem fizesse alguma coisa na casa da visita que "fosse mal criação...", ah....:
- olha o beliscão! se voce não me obedecer...
A Fátima minha irmã era muito levada.
Ela e o Juninho, meu irmão mais velho, eram os campeões dos beliscões! Eles sofriam...
Era a única hora que não tinha preferências ...
Era quando eu mais gostava da minha mãe....rsss
Nessas horas ela não titubeava...beliscava mesmo!
Naqueles tempos, me lembro bem, mamãe nos arrumava com vestidos engomados e rodados, meus irmãos com sapatos pretos e meias brancas, e sempre havia uma casa de madrinha para ser visitada, onde serviam bolos que não podíamos repetir... bolo com guaraná, ou com groselha gelada, pastelzinho com mate - couro...., e dá-lhe beliscão se caísse uma gota no vestido!
Ah, tinha também os famosos ' cocão'..
Papai, com os nós dos dedos, dava um toquinho na nossa cabeça, de leve e mais forte se estivesse muito bravo...
Bastava falar um palavrão, que lá vinha o cocão!
E era cada cocão......
E não eram esses palavrões de hoje não... eram outros :
- capeta...safado... melequento...
O pior palavrão de todos, aquele que nos fazia levar mais de um cocão, era chamar o outro de cagão!!!!!!
Alias, hoje não vejo ninguém se lembrando de que tem madrinha, coisa mais antiga deve ser, por que não consigo imaginar Maria Júlia pedindo abenção para Dedeia, irmã do Alexandre, ou chamando ela de didinha, como eu sempre chamei minha tia Gilda, minha única madrinha!
Acho que vou, puxar as orelhas da Mali de vez em quando, mandar ela tomar abenção e ver se menina aprende com quantos paus se faz uma canoinha e quero ver se ela vai continuar batendo o pé para sair do ballet e fazer escalação!!!
É uma atividade na qual as crianças ficam subindo pelas paredes...vai que ela gosta? e vai que ela resolve escalar montanha de verdade???
DO jeito que lá em casa todo mundo é maluco, já tô vendo a Mali no alto do Kilimanjaro...
13 comentários:
pois é Marília, entre beliscões,canoinhas e cocãos, estamos todos aqui e vivos.Se os pais daqueles rapazes que espancaram a moça lá no Rio tivessem usado alguns desses métodos,com certeza não teriam feito tamanha barbaridade!
beijos
Marilia, num precisa ameaçar mali com a canoinha, porque eu cuido sempre de nao deixar ela esquecer que tem madrinha.......rsrsrs
Que ela adora claro........ faz parte, afinal entre gregos e troianos quem foi a escolhida pra madrinha???? Euzinha...rsrs
beijos pra vc minha eterna cunhada e minha chiquinha, mais linda, inteligente e popular afilhadinha.
Dedéia
idi, na nossa familia todos sao iguais, o papai tambem batia, mas nunca doia, em compensacao... a mao de dindao, dava cocao e beliscoes... to horrorizada com a violencia no rio, com medo de ir pra la...voce viu o absurdo? o pior que sao geicons.... bjs, me liga.
Tive que usar o outro pc pra finalmente poder comentar aqui. Por alguma razao eu e a tal tecnologia nao estamos nos nossos melhores dias.
Mamisssssss
procurei feito doida o tal postal da regiao que eu moro e quem disse que encontrei algum?
Vou pra NYV esse final de semana e compro lah ok?
EU ainda adoro minha madrinha.tah certo que ela disse que me daria meu primeiro sutia e jah faz bem uns 13 anos que eu uso e nada veio dela ateh hoje!rsrsrs
bjosssss
Muito bom, adoro ver vc de bom humor, escrevendo, brincando, dizendo coisas que só nós da nossa idade sabemos o que é. Não disse de jeito nenhum que somos velhos, olha lá heim?
Mas a Lila tem razão, infelizmente hoje os pais não sabem mais colocar limites para os filhos.
Além de não repetirmos nada de comida, jamais entrávamos na conversa dos adultos, era proibido até ouvir.
Não sei, mas acho que fomos criados até com um certo exagero, com uma rigídez muito grande, mas sinto muita pena, lamento muito hoje, quando vejo que as pessoas da msma família não se conhecem mais.
São pessoas estranhas dentro da mesma casa, não há mais relação, convivência.
Onde tudo isso se perdeu?
Beijos meu bem.
Te quero bem ativa, para não dar espaço para a droga da doença.
é..na realidade, limite é fundamental para qualquer criança...
è verdade Ana, a gente não podia nem ouvir as conversas...rsss
lugar de criança era sempre longe dos "adulteros", como disse minha irmã uma vez, e quase matou a familia de tanto rir...
è meu humor e minha força de vontade... eu gosto da vida...
porisso as vezes fico tão p...com minhas dores...rsss
Marilia,
Adoro estas histórias, reminiscências da infância. Em casa chamávamos o cocão de coque, talvez não fosse tão grande, mas doía do mesmo jeito. A dona dos coques era minha avó Olívia. Eu era danado, gostava de aprontar com o cachorro dela, um pinsher muito mimado. Um dia ele parou em minha frente, com o rabinho cotó ao meu alcance. Dei um peteleco nele. Com o susto ele saiu correndo, ganindo. Só que eu não vi minha avó atrás. Só senti o coque. Os nós dos dedos batendo em minha cabeça, hiper doloridos. Saudade daquele tempo, de minha avó, e até dos coques.
Beijão
Mamis...vc jah me mandou seu endereco...
agora eh comigo...
senta e espera que daqui um tempo chega!
prometo!
bjossss
minha mãe não batia. não precisava!rs... ela só olhava!!! mas aquele olhar devastador, sabe?
aliásssss... ela ainda me olha assim, as vezes!rs...
meu pai era um chuchu... na única vez que me deu um tapa e eu era uma adolescente bem espevitada ele chorou depois tadinho.
rs... só que isso não funciona mais com minha filha! pode crer!
beijocasssssss.
Marília, que leitura gostosa você me proporcionou com os seus textos. Eu sim, vou ficar freguês daqui.
Confesso, e por que não, que fiquei comovido e emocionado vendo você descrever aquelas coisas todas de sua infância. Comovido porque me lembrei também do que acontecia com os meninos. O mais curioso é que vivíamos sob uma repressão maior, mas aparentemente éramos mais felizes do que as crianças de hoje, não importando a que níveis sociais ou educacionais pertencíamos.
Você falou dos tais beliscões. Quando aplicado com unhas crescidas, a dor era maior ainda... E os puxões de orelha? E ainda davam uma girada pra doer mais... Eu tenho uma irmã mais velha que nos ensinou a ler antes de irmos para o Colégio. E o "livro" sabe qual era? Nada de cartilha. Eram as Seleções do Reader´s Digest, com aquelas letrinhas miúdas. A cada erro era uma reguada em cima da mesa seguida da palavra "burro!!!"... Estalava perto do ouvido...
Tempos bons.
Beijos
PS - Marília, vou "linkar" você lá no meu bloguinho, ok? E vou aparecer sempre aqui. Gostei muito.
E chinelada? Não se usava na sua família? Chinelada era o meu terror. Vim parar aqui por acaso e me diverti muito com seu blog. Vou aparecer outras vezes.
uahahahaha! Adorei o causo de infância! A Sonia lembrou bem: a chinelada era terrível... Beliscões e tapas no bumbum nunca me assustaram tanto quanto as temidas chineladas do meu pai (com sandália de couro ou chinelo Ryder, sabe?) Aff!
bjo
Ana
www.mineirasuai.blogspot.com
Gente, lá em casa era beliscão mesmo!!!!
nada de chineladas... e cocão, muito cocão, que num sei até hoje como somos "normais"...rsssss
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