O bar do Bacalhau

A rua, era a Cláudio Manoel.
Entre Alagoas e aquela avenidona que vem da praça da Liberdade e sai no Tiradentes.
As coisas estavam começando a melhorar, - "as diretas, já" - passando da hora de acontecer, quando os meninos voltaram da Europa.
Vieram devagar, um de cada vez... Agnelinho, Bacalhau, Sacha, Niltin e os outros...
Quando ele foram, Gilberto Gil cantava "não, não chores não.. Baby".

A rua era a Cláudio Manoel, e o nome do bar do Bacalhau era "Velho Chico"!
Era "o" bar !
Porque em BH é assim.
De repente, um bar vira mania e todo mundo vai pra lá....
Na esquina com Alagoas, bem do lado ..., ficava o sofisticado "Café Ideal", contrastando abertamente com a verdadeira órgia rústica do Velho Chico ( redes, peneiras, potes de barro, carnes sêcas e muita mandioquinha...).
O mais interessante era a diversidade dos frequentadores, que ocupavam democraticamente o mesmo passeio.
Lá, pelo bar do Bacalhau, ( aliás, eu nunca soube porque o meu irmão pegou esse apelido!...ele deveria ser - o Waltinho! vai entender apelidos...), passava um pessoal bonito pela própria natureza.
Eram meio hippies, meio engajados politicamente incorretos, meio intelectuais.
Música alta, que se ouvia de longe, e engarrafamento na rua, e todo mundo querendo entrar...
Lá, eu ia bem grávida da Jojo, e a Gdá bem grávida da Paulinha.
Vi começar e terminar muitos namoros ali...
Vi Guga namorar a Maria, Titina com as suas Glorinhas da vida, Vévé e Iris se degladiando, vi pela primeira vez o famoso "brilho" ..., por que lá, tudo era assim, explícito!!!
Não sei porque o bar fechou.
Acho que foi porque o Bacalhau casou-se com a Tereza, que era super ciumenta ( sem razão alguma..rss) e mandava nele ( manda até hoje..), e ela decidiu fechar o bar.