Layout / Art: Ana.
sexta-feira, setembro 15, 2006
limbo
Calor estranho, fora de época.
Está abafado, e tenho a sensação de dormência em minhas mãos.
Nada mexe.
Até a fumaça do meu cigarro demora para andar pelo ar.
Não tinha zumbido de moscas, não escutei barulho de rádio, e não ouvi voz.
Todos os fantasmas apareceram juntos, porisso a sala ficou assim, como se tivesse embranquecido.
Ficou turva, com cheiro de maresia de espuma de onda de mar manso.
Sempre disse que fantasma era branco.
Desde o tempo da menina Maribel e seu tio Gerúndio.
Lembro que fui muitas vezes ver essa peça.
O tio da Elizabete filha da dona Raquel, nossa vizinha, era ator e trabalhava como pirata e eu entrava de graça.
Depois, ele foi pro Rio e ficou amigo do Cazuza porque vi muitas fotos deles juntos.
Esqueci o nome dele.
Os fantasmas chegaram, se instalaram na sala, e apesar do calor e de tudo parado, me olharam o tempo todo, até eu sentir um frio na espinha que subiu e passou pelo meu braço e acabou no coração.
Até eu acreditar que existia limbo, e era lá que eu estava.
A vida toda pensei que seriam os anjos que apareceriam.
Mas foram os fantasmas...todos.
Ainda não percebi que já morri, mas, sorte minha...já sei onde estou.
Ah...morrer é branco, assim, sem cõr.
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