Pensando bem, não estou conseguindo encontrar um tema.
Sempre escrevo sem pensar, começo com uma palavras e as coisas vão chegando, meio em desordem, ao papel, ou melhor, na tela.
O titulo, quando tem, é a ultima coisa que escrevo.
Se me derem um tema, fica mais dificil d'eu escrever.
Chuva, criança, dia de saudade, grande amor, praia, férias, verão.
o banco ficava no meio do pátio.
no meio do hospital.
era pátio redondo, e a saída, toda fechada por uma grade da cor vermelha escura.
O banco, de cimento, circundava uma grande árvore, que ficava no centro do pátio.
ela repetia as palavras como se pudesse esquece-las.
duas vezes por semana, o motorista do carro de aluguel( sim, por que naquele tempo não se chamava táxi, mas carro de aluguel) as buscava pela manhã.
não adiantava resistir.
o pai partia para o trabalho, terno engomado,.
ela, mãos dadas com a mãe, entrava no carro.
depois de subirem a avenida Afonso Pena, faziam o retorno descendo a Contorno.
e paravam em frente ao hospital.
hospital santa Clara.
muitas vezes ouvia cochichos ou era hospícios?
a mãe, na recepção já era recebida por uma enfermeira, e o motorista, gentilmente as dispensava, avisando ao balconista atendente que voltaria na hora de sempre.
ela, mãos dadas com a mãe, entrava até o meio do pátio.
curioso é que ela não se lembra de ver pessoas em volta.
ela olhava para dentro daquele prédio de onde vinham gritos doloridos.
as vezes, passava alguém que a acariciava na cabeça, e dizia:
- pobrezinha...esperando a mãe sair do choque elétrico.
ela não entendia bem por que ia, mas sentia que no meio do caminho sua mãe segurava-lhe a mão com força,pareceia não querer soltar.
mas a enfermeira a levava sempre.
de onde ficava ouvia muito gritos. muitos lamentos.
mas não reconhecia em nenhum o de sua mãe.
foram alguns anos assim.
talvez uns 3, ou 4.
a menina cresceu, fez festa de 10 anos e ganhou uma boneca amiguinha.
já entendia tudo.
sua mãe melhorava.
agora, fazia tricô em uma máquina cheia de ferros.
ferros que a menina usava para se furar e sentir dor sem gritar.
Realmente hoje não tenho nada para contar.
gosto mesmo é de escrever coisas divertidas.
palavras com nexo.
detesto essas histoórias que invento sem sentido.
desconecto.
faz sentido alguma coisa sem nexo?
7 comentários:
Marilia, nexo e desconexo? Tanto faz. Libera a escritora, solte a imaginação. Quando não tiver nada a escrever? Não escreva. Vai ver que naturalmente as coisas fluem. É assim, sempre.
Beijo, menina
Tenho muita dificuldade em criar alguma coisa que seja ficção.
Sei falar bem, o que vivo, vivi, ou vi.
Mas você não, vc fala com propriedade, fala bem.
Este texto de hoje está ótimo, talvez de alguma palavra, de alguma coisa real, você consegue levar à uma história de ficção, que prende.
Você é boa nisso garota.
Um beijo
Marília, fiquei tocada com esse post.Sem mais palavras. Beijocas
Com nexo ou desconexo, é um texto lindíssimo e muito forte. Você tem um talento enorme para escrever, Marília. Um beijo.
Oi Marilia, boa tarde. Marilia sabe o que voc� � Voc� � muito modesta, escrever um texto deste e
despreza-lo com a hist�ria de que �
coisa sem nexo, me engana que eu gosto. Fale sobre este tema: Galo
mineiro x curintinha, o que voce acha? Bj�o e bom fim de semana.
Marilia, comentar depois dos outros leitores é meio chato.
Já disseram quase tudo. Você é genial nas "letras", Marilia. Lembra que eu sugeri que escrevesse um livro? E você me disse: "Só se escreverem para mim" Que é isto? Ficção ou realidade, tanto faz você é sucesso garantido.
Eu te compreendo.
Beijos
Adelino
Marília, que texto belo e cheio de significados... Medo da loucura, medo da dor, dos gritos, da separação... Medo da lembrança, lembrança que dói, que grita, que enlouquece...
Vc devia continuar esta história, dar vida e nome a essa menina... Como disse o Adelino, acho que daria um livro fantástico!
Beijão
Ana.
www.mineirasuai.blogspot.com
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