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domingo, novembro 26, 2006

Melado - Um caso pernambucano

Melado é um jangadeiro que conheci há muitos anos atrás em Porto de Galinhas, quando Taninha era a "outra" na vida dele... ( é até hoje...)! Taninha, é das grandes amigas, daquelas de pacto de sangue, e que assumiu a "hipandade" , indo abrir pousada em Porto, quando lá ainda era desconhecido da mídia, aldeia de pescadores, sem água, esgoto ou turista...Na época Porto era mais que hoje, o verdadeiro paraiso.

Penso sempre que Gilberto Freyre deveria ter escrito uma " Casa Grande Sensala " , volume especial para algumas regiões do nordeste...Lá, as formalidades, os conceitos e os preconceitos, os padrões e as referencias morais variam na conformidade da necessidade e da classe social...

Melado é um desses nativos bronzeados, alto, olhos verdes, espécime masculina de tirar o chapéu. Pois bem, Melado tem muitos amores, duas mulheres e um sorriso enorme. Tem também duas jangadas, com suas velas a cada ano patrocinadas por uma empresa de telefonia diferente ( novos tempos). Ele é dengoso, fala manso, bate em mulher ( as dele), bebe cachaça, mas, como é delicioso conversar com ele noite adentro , beira do mar! Com ele não tem cerimônias. Fala de tudo, com uma naturalidade que muitas vezes me constrange ( e olha, isso é dificil...). Ele vivi me dizendo, que lá pelas bandas dos canaviais, existem muitos matadores - de gente - e que eles só cobram para matar homens que traem outros, politicos e padres safados!
Mas, que mulher eles matam de graça...
- Porque Melado?
Pegunto sempre assustada...
E ele responde :
- "eita dôtora...muié tem dimais, ninguém sente falta" ...
E dá aquela risada ....

Uma vez, outubro de 2005, eu passava uns dias por lá, e ouvi dele um caso que me chamou a atenção dentre os muitos que escutei entre batidas de vodka, cachaça e outras coisas também alucinógenas típicas de lá!!! Melado nunca disse quem lhe conta os casos, e muito menos d'onde eles surgiram... Mas me garante que são verdadeiros....(????)...

O CASO :
Era uma noite fria e com cheiro de chuva no ar.
Antonio caminhava rápido, sem olhar para frente, olhos baixos, apenas andava.
As mãos nos bolsos pareciam duas fogueiras, de tanto que ardiam.
A corda era grossa, e ele havia feito muita força.
Matar com corda, enforcar, porra, não era assim que ele gostava de trabalhar.
Mas, não iria agora reclamar do serviço pelo qual já havia sido pago.
Pediram morte com corda, então, tava feito!
Sabia que era morte encomendada por vingança, coisa de homem corno...
Era sempre assim.
As mulheres trepavam com outros homens, e os maridos lhe pagavam para fazer o serviço. Antonio continuou caminhando, vento e chuva lhe batendo no rosto, até sua casa.
Morava na periferia de Recife, e era coisa rara fazer frio por aquelas bandas.
Era superticioso, e esta nervoso.
Matara sem sangue, só com a corda.

Agora, era pegar as roupas e o dinheiro, - merda havia esquecido na sacola em casa - distração imperdoável, e se mandar rápido para Porto de Galinhas, e de lá subir pro norte. Sumir Brasil adentro "por uns" tempos....O importante era sair da cidade sem que fosse visto. Ia ser noticia a morte do deputado no dia seguinte.

Suas mãos estavam vermelhas e machucadas pelos nós da corda. O morto era homem forte, mas foi pego dormindo, e dormindo ninguem reage. Antonio não gostava de matar com corda...
Fazia seu serviço com prazer, mas usando a peixeira, faca das boas e amolada.
Gostava de sangrar o "destinado" - era assim que Antonio chamava suas vitimas.
Fazer jorrar o sangue vermelho, com força...
Ele tinha imenso prazer em ficar olhando, o "destinado" se contorcendo, o sangue junto com as tripas saindo para fora, restos de comidas...
Mas, não como nos tubarões - sim porque ele já matara muitos, eles são comuns nas praias de Recife. Sangue de peixe fedia, o de gente o excitava.
( Melado falou que Antonio adorava transar com mulher menstruada!)
Caminhando, Antonio chegou em casa.

Estranhou a luz acesa, a porta sem trancar, a televisão enfumaçada ligada, e ninguem na sala.
Havia dito pra Mulher e pra mãe que só voltaria dentro de uns dias.
Mas, azar do destino, lembrou-se de ter esquecido a sacola...
Merda, pensou, quando sentiu um calafrio.
- Matei com corda... isso num é bom..., pensou superticioso.
- Quem morre assim é judas, traidor ou veado..., e o destinado dessa noite só havia trepado com a mulher do dono da Pizzaria...

Antonio adentrou devagar, tal qual havia caminhado até lá.
Parou na sala, sem fazer barulho.
Então, ouviu um gemido.
Depois outro, e uma risada quente... Ah...conhecia aquela risada.
Era de Laura, sua mulher. Qualquer coisa dentro do peito disparou, e Antonio andou de leve até a porta do quarto. Seu quarto!
Suou frio. Entendeu tudo.
E naquele instante, Antonio percebeu que faria um serviço pelo qual jamais receberia.
Soube, naquela hora, que morreria com as mãos quentes e vermelhas pelo esforço com a corda, pelo sangue de Laura, pelo sangue do último destinado, e pelo seu.
E assim foi.
Sua morte, a de Laura e a do acougueiro do bairro, foram notas de rodapé, página seguinte a que narrava o escândalo da morte do deputado, que segundo apurações recentes, já estava sendo solucionada com a prisão de um suspeito identificado pelo porteiro....

Melado contou que até hoje ninguém descobriu nada.
Mas que a peixeira fica exposta na sala de um delegado aposentado, que morra perto da vila...
Ele já viu "ela".

6 comentários:

Anônimo disse...

idi istonao é caso e novela nunca vi algo tao longo na minha vida!!!!!!!!!!!!puta que pariu

Anônimo disse...

idi istonao é caso e novela nunca vi algo tao longo na minha vida!!!!!!!!!!!!puta que pariu

marilia disse...

Ah...isso é a cara da Fátima!!!!!!!!!
Rssssssssssss
mas viu, ta tão legal que vc leu até o final!!!
bjos

Anônimo disse...

Idizinha que medo!!!!!!!! acho que vou rever meu conceito de vida, vai que eu encontre um Antônio rsrsrrssrsr,mas tb sacanagem dele né? coitada! a mulher não pode nem dá uma escapadinha??? Fátima eu vou chamar o Antônio´prá vc, ai será a próxima vítima, ele vai até levantar do túmulo rsrsrsrsrrs
Ydi, adorei a história, beijos

marilia disse...

Gdá, EU AMO SEUS COMENTÁRIOS!!!
EU MORRO DE RIR DELES!!!!!
TB TE AMO !
BEIJOS..

Anônimo disse...

Prima, é verdade mesmo, eu to com medo do Antônio rsrsrsrs aposto que a Fátima vai adorar encontra-lo e ele mostrar a pexeira rsrsrsrsr aiiiiiiii nem capitão, nem coronel,nem general da banda, e nem o rei de Roma vai segurar rsrsrsrsrs beijos amor, saudades, te amo muito, Mamá.