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domingo, abril 29, 2007

Rebeldia


Porque a Mônica me disse que....
Mônica minha prima, é daquelas pessoas com quem posso conversar livremente. Ela entende as palavras que não são ditas, completa as frases, e trocamos idéias. Adoro ir no “Cafeína” tomar café da manhã com ela, ou beber uma taça de vinho em sua casa... Pena que isso acontece duas, três vezes ao ano, quando vou ao Rio. Mas...muitas manhãs de sábado, ou de domingo, nos falamos ao telefone, e então, haja 21...
Hoje cedo, conversando, entramos em mil assuntos, dentre eles arquétipos femininos, mitos, mulheres escritoras, e outros assuntos, acabamos embarcando em mais uma daquelas viagens sobre “descrever” as Alvarengas... O nosso papo flui de tal forma, que a gente não vê o tempo passar, e de repente, me pego querendo convencê-la de que Simone (Beauvoir) não era uma feminista amarga, e que ela deveria reler “Encontro Final” e ela, em contrapartida, dramática e teatral, acertadamente me indica a viagem pelo mundo de Clarissa Pínkola.
Tá, eu já conhecia a escritora de nome, o Regis sempre me falou dela. Corri atrás e peguei o livro “Mulheres que correm com os lobos”. Estou devorando o livro! Porém, a cada página, descubro como sou primitiva, e começo a crer que posso ser maluca! A loba viveu sempre dentro de mim. O sistema, a vida não me tornou impotente, não me domesticaram. Sofro de liberdade sem limites – contraditório – e sou questionada no meu amor, contestada em meus valores, na minha vergonha sem culpa, no medo sem compromisso, moral ou ética, por que sou aquela que vive pelo instinto, sem ter sido domada.
È madrugada, e depois de muito tempo, estou no computador blogando! Parei de ler agora, e vou transcrever uma orelhinha do livro:
Os lobos foram pintados com um pincel negro nos contos de fada e até hoje assustam meninas indefesas”. Mas nem sempre eles foram vistos como criaturas terríveis e violentas. Na Grécia antiga e em Roma, o animal era o consorte de Ártemis, a caçadora, e carinhosamente amamentava os heróis. A autora, a analista junguiana Clarissa Pinkola Estés, acredita que na nossa sociedade as mulheres vêm sendo tratadas de uma forma semelhante. Ao investigar o esmagamento da natureza instintiva feminina, Clarissa descobriu a chave da sensação de impotência da mulher moderna. Neste seu livro, Mulheres que correm com os lobos, ela aborda 19 mitos, lendas e contos de fada, tais como a história do patinho feio e do Barba-Azul, e mostra como a natureza instintiva da mulher foi sendo domesticada ao longo dos tempos, num processo que punia todas aquelas que se rebelavam. Segundo a autora, a exemplo das florestas virgens e dos animais silvestres, os instintos foram devastados e os ciclos naturais femininos transformados à força em ritmos artificiais para agradar aos outros. Mas sua energia vital, segundo ela, pode ser restaurada por escavações "psíquico-arqueológicas" nas ruínas do mundo subterrâneo. Até o ponto em que, emergindo das grossas camadas de condicionamento cultural, apareça a corajosa loba que vive em cada mulher. A autora identifica o arquétipo da Mulher Selvagem ou a essência da alma feminina, sua psique instintiva mais profunda. E propõe o resgate desse passado longínquo, como forma de atingir a verdadeira libertação. Técnicas da psicologia junguiana e algumas formas de expressão artística ligada ao corpo podem ajudar na tarefa, mas a compreensão da natureza dessa mulher selvagem, com todas as características de uma loba, é uma prática para ser exercida ao longo de toda a vida."

Bom, vale lembrar que desde os tempos mais passados, o Regis, com suas técnicas junguianas de terapia, tentou acalmar minha loba, minha magia e minha força, porque ele sabia dos castigos.
Eu sou daquelas que se rebelam....

2 comentários:

Monica disse...

rsrsrsss... e eu com simone de beauvoir... que delícia...

Monica disse...

um tal de maureen dowd disse:...

"No momento em que vc aceita menos do que merece, vc ganha ainda menos do que aquilo que aceitou..."

genial não?...
bj