Ecofeminismo
"Assistimos hoje a diversas tendências e debates no Brasil e no mundo que, de um lado, afirmam a diversidade feminina e propõem uma abordagem específica para a crise ambiental, destacando a conexão especial das mulheres com a natureza, e, de outro, criticam a referência a essa conexão como um possível reforço à exclusão das mulheres da cultura, um perigo para as conquistas feministas, ao mesmo tempo que propõem a igualdade entre os gêneros.
"Assistimos hoje a diversas tendências e debates no Brasil e no mundo que, de um lado, afirmam a diversidade feminina e propõem uma abordagem específica para a crise ambiental, destacando a conexão especial das mulheres com a natureza, e, de outro, criticam a referência a essa conexão como um possível reforço à exclusão das mulheres da cultura, um perigo para as conquistas feministas, ao mesmo tempo que propõem a igualdade entre os gêneros.
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O ecofeminismo é o movimento surgido recentemente entre feministas que aderiram ao ecologismo, sendo considerado "mais profundo do que a ecologia profunda", quando oferece uma teoria ambientalista crítica e uma ética dos seres humanos para com o meio ambiente e seus membros, conforme (Griffin e King).
O ecofeminismo é o movimento surgido recentemente entre feministas que aderiram ao ecologismo, sendo considerado "mais profundo do que a ecologia profunda", quando oferece uma teoria ambientalista crítica e uma ética dos seres humanos para com o meio ambiente e seus membros, conforme (Griffin e King).
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Val Plumwood chama ao ecofeminismo de "terceira onda do feminismo", movimento político que representa a disposição das mulheres de, ao superar a anterior inclusão desvalorizada na natureza, reagirem contra sua antiga exclusão da cultura e colocarem-se ao lado da natureza contra as formas destrutivas e dualísticas da cultura.
.......................................O ecofeminismo sugere, portanto, uma terceira direção: o reconhecimento de que, apesar de o dualismo natureza-cultura ser um produto da cultura, podemos conscientemente escolher a aceitação da conexão mulher-natureza, participando da cultura, reconhecendo que a desvalorização da doação da vida tem conseqüências profundas para a ecologia e as mulheres.
.......................................Há muitas razões pelas quais a ligação mulher-natureza pode constituir-se em questão central para o feminismo. Um dos motivos está na compreensão de que essa é uma conexão essencial para a permanência da dinâmica do tratamento que as mulheres e a natureza recebem na sociedade contemporânea. Se por um lado essa questão pode levar a uma importante revelação sobre o modelo de humanidade na qual as mulheres se inserem, por outro tem sido uma preocupação do ecofeminismo, que pode iluminar os temas que estão no centro do feminismo como um todo, acerca da "masculinidade da cultura", da natureza da dominação do masculino sobre o feminino e possíveis rotas para se escapar dessa dominação.
A ligação entre mulher e natureza e as razões pelas quais ambas são consideradas como de nível inferior não significa assunto do passado, mas parece continuar a dirigir a degradação do meio ambiente natural, a caracterizar a atividade feminina e a marcar, de maneira geral, a esfera da reprodução. Essa ligação contém inúmeras questões importantes sobre as causas da subordinação das mulheres e a existência de uma natureza feminina.
A ligação entre mulher e natureza e as razões pelas quais ambas são consideradas como de nível inferior não significa assunto do passado, mas parece continuar a dirigir a degradação do meio ambiente natural, a caracterizar a atividade feminina e a marcar, de maneira geral, a esfera da reprodução. Essa ligação contém inúmeras questões importantes sobre as causas da subordinação das mulheres e a existência de uma natureza feminina.
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O feminismo contemporâneo pode rever não só as características do caráter 'masculino' da cultura, mas também as 'humanas'. Natureza e cultura estão colocadas tendo por referência os processos naturais nos quais os seres humanos se inserem, dos quais retiram seu conhecimento e sua vida e as construções culturais humanas derivadas do conhecimento e do saber, que se apóiam na realidade natural.
.......................................Cada mulher, na sua identidade individual, expressa a capacidade única de cada ser humano e conserva um elo incontestável que a liga a uma experiência feminina, o elo de um anel recorrente, unindo a dimensão biológica construída historicamente na sociedade humana, reforçada e inserida novamente pela inscrição genética, que encontra na "práxis" as condições para sua reiteração, o que é característica da complexidade da constituição da espécie humana. A dimensão biossociocultural da mulher desarma as possibilidades simplificadoras de análise que, se de um lado desejam identificar uma 'essência' feminina desligada da experiência, de outro, vêem a socialização cultural e histórica como construtoras do feminino, desligado de sua dimensão biológica e genética incontestável. .......................................
O ecofeminismo trabalha com o conceito de gênero, e afirma que a mulher não é apenas diferente do homem, mas é distinta, dada a sua experiência concreta de vivência da condição feminina, que define a experiência, porque o enraizamento biológico origina e confirma a experiência social do gênero feminino, o que é reconfirmado na socialização e repassado pela predisposição genética. A socialização das mulheres reforça a sensibilidade, a solidariedade e a "gratuidade", conceito fundamental da cultura feminina, o que daria a elas a responsabilidade de promover um impacto sociocultural revolucionário, criativo, em todas as áreas da existência, nas relações pessoais, nas amorosas, nas profissionais, de trabalho e nas decisões políticas, em que se decidem a paz e a sobrevivência das espécies...."
20 comentários:
Beleza Marília! Estou publicando também um artigo referente ao Blog Action Day. A troca vai ser muito interessante, nunca havia lido nada sobre o "ecofeminismo". Farei algumas críticas oportunamente. Um abraço.
Adorei seu blog. E fiquei feliz com suas "reticências". Também sou assim. Acredito ser um tanto quanto instigante.
Fiquei encantada com o texto e vou procurá-lo na íntegra.
Beijos
Parabéns pelo belo artigo, e principalmente pela participação.
Abçs
tb coloquei uma dingela psotagem no P&P,
bjs
Ficou bacana isso, Marília.
Beijos querida. Ótima semana.
Vamos tomar um café esta semana? Me liga.
To esperando as fotos e os emails do Carlos e do Marcos, por favor.
Marília, excelente idéia a sua de colocar esse artigo aqui que tão bem nos instruiu sobre o assunto. Beijocas minha linda.
Marília, escrevi dois comentários e acho que saiu o nome Teca. Não repara a burrice, fui eu Yvonne.
Beijocas
Xiii!!! Correr por fora é um êrro estratégico.
Gostei de saber,Marilia.
Confesso que desconhecia completamente do que se tratava.
Beijão e uma otima semana.
Muito interessante o tema e sua postagem, gostei de saber sobre isso.
Semana linda e dias felizes,flor
beijos
Sobre a pergunta que vc me fez sobre o livro de Diogo Mainardi: Eu não leio nem com revólver na cabeça.Eu leio pedaços de seus textos em alguns blogues amigos e acho um destrutivo, nada generoso,uma aberração do jornalismo.Escreve hiper bem e sabe usar figuras de retórica mas fala mal de tudo e de todos de forma ferina e desgraçada.Um pobre coitado .Deus me livre.Só de ler alguma coisa já me sinto mal.Para vc vou dizer em segredo mas eu acho que ele é impotente sexual.
Flor, nem sabia que existia mais esse "ismo" nas enciclopédias dos homens..... para mim cuidar da natureza é um dever civil de todos, homens e mulheres.....
beijos e boa semana,
MM.
ps: espero que esteja melhorizinha da saudade, agora que a Mari chegou :o)
Marília
Oi, tudo bem? DEsejo que sim...
Tô tão gripada...
Post híper interessante, levando em consideração em especial o fato de ser um assunto pouco falado,não é mesmo?
Adorei...
Obrigada pelas visitas...e uma semana iluminada, Cris
Sempre por dentro de qualquer questao.
Parabens amiga !
bjos,
me
Se todos aprendessem a respeitar a mãe terra...beijus
Por si só essa temática é muito engraçada.
Mudei o meu blog de endereço, mas ele continua sendo acessível sob o mesmo domínio.
Estou aproveitando e dando uma reciclada nos assuntos, até porque tem uns que não tratei adequadamente.
Sem mais,
Marciel
Admiro o seu empenho em conhecer a fundo um determinado assunto e mais,transmitir isso aos amigos.Parabéns a você por essa qualidade e aos seus amigos,e me incluo entre eles,que têm a graça de sua generosidade.Um beijo.
Marília, só para desejar uma boa semana!!
volto pra ler seu post com mais calma!!
abraço.
Desde o inicio do movimento, em finais dos anos70, que o ecofeminismo tem sido "povoado" por várias sensibilidades que adoptaram diversas estratégias. O termo foi cunhado por Francoise D'Eaubonne mas é nos EUA que ele assume maior preponderâcia embora se tenha disseminado um pouco por todo globo. Na realidade não se poderá hoje falar de ecofeminismo, mas sim de ecofeminismos, tantos quantos os movimentos feministas que lhe estão na base. As perspectivas ecofeministas mais recentes, não estão tão interessadas na critica aos dualismos que enformaram a soc. ocidental cultura/natureza, homem/mulher, etc, mas sim no desenvolvimento de uma perspectiva filosofica e ética multicultural revalorizando não só a mulher como a natureza e a sua relação com a sociedade humana, residindo a sua preocupação central na abolição de todos os tipos de domínio sejam eles de raça, sexo, idade.
Eu identifico-me mais com a posição que define o Ecofeminismo como "a range of perspecttives that consider the links between the social organization of gender and the ways in wich societies are organized with respect to “nature”" (Cudworth 2005:1).
Oi Marilia
Convido você a conhecer o meu blog de textos femininos, obrigado, espero você lá.
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