sábado, outubro 28, 2006

Texto / uma cena


Ela limpou o espelho do banheiro com a ponta da toalha. O cômodo era pequeno e estava abafado, umidecido pelo vapor do banho. Ainda assim ela conseguiu ver a barata. Não se moveu até o inseto passar rápido por baixo da porta. A cortina do chuveiro ela havia comprado há anos nas lojas americanas, mas o plástico desgastado e rasgado não impedia a água de molhar o chão e isso a deixava irritada. A sensação era a de sempre - tédio -. Morava em um bairro de periferia, zona industrial. Vida suburbana que ela não merecia. Afinal havia estudado, não era uma qualquer, era formada pela federal e funcionária estadual. Já era vivida o suficiente para saber que com o salário que ganhava não iria muito longe. Não se prostituia abertamente. Não era bonita, mas era vagabunda o suficiente para agradar alguns homens e isso lhe bastava. Calçou as sandalias de borracha e saiu do banheiro. Dentro do quarto subiu na cama e tentou abrir a veneziana. Respirou aliviada quando o ar frio entrou e a deixou arrepiada. Agora, era pegar o cigarro, tomar um gole de café, ligar a televisão e esperar a novela.
by Idy / 2005

9 comentários:

  1. Anônimo12:22 PM

    Era este texto que vc queria que eu visse? Muito bom, apesar de começar com "Ela..."

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  2. Anônimo12:37 PM

    quero mais, clarice lispector!!! quero mais... bjs
    mo

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  3. Anônimo1:01 PM

    inspirada na barata...

    ...tinha 15 anos e acabara de sair de uma fase meio esquisoide...a vida lhe convidava com propostas tentadoras... mas alguma coisa em seu corpo se ocupava em reter esse processo... 3 meses de cama sem andar assegurava o freio, alimentava e mantinha o medo do inesperado... ao final de uma tarde de dezembro, nenhuma brisa no verão carioca aliviava o calor que invadia o quarto onde estava, somente uma barata gigante voou e estacionou acima de sua cabeça, ao lado do lustre do teto...não era uma barata qualquer era uma enorme, daquelas voadoras que no verão saem fortalecidas e gordas dos bueiros sujos da cidade... ameaçada e amedontrada evitava qualquer movimento pois suspeitava que este seria o sinal para ela vir em sua direção...até a voz deveria ser abafada para não assustá-la, o tempo parou... e num movimento brusco e rápido ela se jogou da cama no chão evitando que aquele ser pousasse em sua cara...a barata desceu em linha reta e pousou em seu travesseiro onde segundos antes pousava sua cabeça...

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  4. Anônimo7:06 PM

    EsquiZóide com "z" e acento no "Ó", por favor!
    P.I. (rsrsrs)

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  5. Uau Moniquinha...valeu... quem me dera...clarice........
    mas concordo com vc! alvarengada Jáaaaaaaaaaaaaaaaa
    bjos , e adorei vc aqui ..
    ps: estou te mandando um email com cc ...super secreto rsssssss
    bjos

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  6. Moniquinha, tô gravando o caso da barata pra postar depoissssssss
    adoro as lembranças... bjos

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  7. Anônimo10:42 AM

    ...e o sóide disse para o zóide:

    Sóide - Me esquece tá?!
    Zóide - Insignificante...


    ...

    nossa...beckett deve estar urrando em seu túmulo... rs

    bjs idyzinha..vou botar o email cc na caixa junto com os outros dos textos tá?...
    uauauauauauauauauau

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  8. E O AURELINHO TAMBÉM...
    MONIQUIBHA, DEIXA ESSA BABACA PRA LÁ....
    SACO....ESQUIXITOSOMOSE....RSSSSSSSSSSSSSSS
    BJOS

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