segredo

ela estava ansiosa.
meio sem lugar, ia da sala para o quarto, olha no espelho, abria o armário. ja trocara de roupa. decidiu pelo amarelo.
estava bonita. meio vulgar. era assim que ele gostava, pensou enquanto retocava o baton. mordeu os lábios. tique .
segurou a taça. o vinho tem outro sabor depois que se escova os dentes, pensou.
quando o porteiro avisou que ele estava subindo, sentiu alívio.
- espero de porta aberta?
- deixo tocar campainha?
ele chegou pelo elevador, corredor ainda com as luzes apagadas.
parou diante da porta. ela sentia o respirar, podia dizer que ouvia o coração bater. de repente, estavam frente a frente.
quantos anos? desde a separação, dramática, nunca estiveram tão perto.
sem nínguem, sozinhos. contraditória essa vida.
há muito não ficavam tão próximos.
ela abriu a porta devagar. a luz do corredor já estava acesa.
deu de cara com aquele rosto tão querido.
olhos nos olhos, tal qual música do Chico.
- não chore, não demonstre. foi ele quem pediu....
mas o coração falou mais alto. seu olhar brilhou. não resistiu. sequer vacilou.
abriu um grande sorriso junto com os braços.
e deram um abraço tão longo, que se perdeu a noção do tempo.
ela voltou no tempo? não, começava um outro tempo.
foi uma noite de muitas, quando se amam nús, quase escondidos.
o grande segredo deles....
e assim permanerão para sempre. amém.