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terça-feira, agosto 29, 2006

Cêra pru santo sepulcro.


Era sempre dia de festa, mesmo sendo dia da procissão do enterro.
A gente ficava excitada o dia inteiro.
Mas, era uma excitação estranha, meio medo, meio ansiedade, por que as semanas santas eram sagradas, e qualquer coisa que se fizesse, em tom maior, era profano e nos colocava a beira do inferno!
Os santo, todos vestidos de roxo, mantinham seus cabelos longos soltos.
As igrejas cheiravam dor, chôro e constrição.
Não se podia rir, não se podia comer carne, só pastelzinho de queijo.
As matracas paravam de vez enquando, e o silêncio era profundo.

Naqueles nossos tempos, não podíamos fazer nada na sexta feira da paixão.

As três horas começava o sermão das sete palavras, na matriz, e o sino que chamava badalava badalo de morte.
O cheiro de vela, misturado com incenso, com o barulho que fazia o pisar nas folhas que cobriam o chão da igreja, as vezes me deixavam meio atordoada.
Me lembro uma vez, a Fátima minha irmã, roubou a matraca do menino que ficava lá na São Francisco, e ela e a Mirinha, foram pra ponte da cadeia, e toda enrroladas em uns véus pretos, ficaram tocando as matracas e gritando : - olha a cera pru santo sepulcro! ô moço, dá um dinheirinho aqui! é pra cera do santo sepulcro!
Nisso, eu prisioneira do braço da minha mãe ( que sabia que eu não gostava e tinha mêdo, me obrigava a ficar dentro da igreja), vi meu avô entrar feito um louco e puxar a minha mãe e a tia marina e chamá~las para fora.
- o que foi?
- ora, ora! o que foi... vieram me falar que tem duas netas minhas pedindo esmolas lá na ponte da Cadeia, e sabem quem são? SABEM?????
Claro que já se sabia...
Se num era a Fátima, era a Mirinha ou o Ronaldo...
Elas apuraram um bom dinheirinho... o dificil foi ter que dar ele de volta pru santo sepulcro!!!!

4 comentários:

Anônimo disse...

Que vida Ydi!!!!! dessa eu não sabia rsrsrsrs aliás, a Méia e a Claudia também fizeram isso quando eram pequenas, ficaram no antigo banco do Brasil, com os melhores vestidinhos, e pedindo esmolas rsrsrsr claro que avisaram ao papai e tio Nilton prá eles irem buscá-las rsrsrsrsr que délicia!!!!!!!!!!!! TEMPO BÃO, NÃO VOLTA MAIS...SAUDADES..........

Anônimo disse...

gente, que vida!
e o papai que contava que ele ( pode ser com qualquer um dos 8 irmãos)mas enfim, ele dizia que pequeno ia para a porta da igreja e quando o padre falava amém... ele vendia ..doim...!!! E na estação do trem... o trem passava piiii,piiii,... e ele...poca...poca...vendia amendoim e pipoca!!! adorava ouvir essa história! assim como adorei essa das meninas...

Anônimo disse...

QUE SAUDADES DAQUELE TEMPO, OH MEU DEUS, PASSOU TÃO RÁPIDO... O mais importante nisso tudo é que éramos felizes e SABÍAMOS!!!!!!!!!!!!!!!!

Anônimo disse...

a outra historia eu e a Mirinha fomos para a escada da igreja e fingimos que eramos aleijadas, e passou um amigo do nosso avo e disse,- Paulo nao sabia que vc tinha neta aleijada, e nosso avo, falou eu náo tenho mesmo, e foi conferir eu e Mirinha toda torta e arrastando no chao pedindo esmolas, com certeza nos fudemos né, beijos Fatima